Frustrações Fisiológicas
Aquele Que Bloga @ quinta-feira, abril 29, 2004
Estava eu um dia destes, a fazer algo perfeitamente normal e que deve finalmente ser livre de tabus e velhos preconceitos, urinar. E do que pra mim inicialmente era uma rapidinha, passou a tornar-se num conflito entre a minha consciência e a minha saúde fisiológica. Isto porque ao terminar a dita actividade não atingi o clímax, ou seja, não me veio… o arrepio do mijo! Aterrador no mínimo. E eu pensei: “Bolas! Isto já não é o mesmo que era antigamente! Dantes, ainda eu não tinha começado a urinar, já o arrepio se fazia sentir. Já não urino com a mesma alegria de outros tempos… Já não o faço com amor! Estarei a tornar-me numa criatura horrível que urina e ponto final?”. Outrora urinar era novidade e todos queriam experimentar. Sempre fui alertado para ter cuidado no que toca a urinar, porque falam muito das doenças e tal, mas sempre fui um despreocupado. Sempre a desfrutar de mais uma mijoca rejuvenescedora e refrescante!
Senti-me profundamente mal ao pensar no pior … e chorei. Chorei porque a minha vida acabava de perder uma parte importantíssima. Não só urinar deixaria de ter qualquer sentido, como nunca mais teria o prazer de sentir o arrepio do mijo.
Mas foi então que pensei: “Espera lá! A culpa se calhar não foi minha! Eu fiz tudo o que tinha a fazer, mas então e o urinol?" Eu não tinha questionado o papel do urinol naquela mijoca. Tantos foram os urinóis que se portaram como verdadeiras sanitas, com os quais facilmente tive o dito arrepio. Enormes urinóis, urinóis de porcelana, de plástico, de metal, antigos … todos serviam, menos este tímido urinol recente de cor pálida, mas sempre com aquela expressão de surpresa característica deles. A casa de banho era nova, logo ele também. O pobre e inexperiente urinol não tinha conseguido levar-me ao altar das necessidades fisiológicas, e eu culpei-me sem pensar duas vezes. Também não culpei o urinol e desejei-lhe, então, que fosse feliz e que mais tarde ou mais cedo conseguisse satisfazer todo o indivíduo que lhe desse de beber. Fui-me embora a pensar na boa acção que tinha acabado de fazer ao desejar o melhor ao jovem urinol que, não obstante, continuou lá no canto, com a sua cara de surpresa…
Um abraço, Urinol
Senti-me profundamente mal ao pensar no pior … e chorei. Chorei porque a minha vida acabava de perder uma parte importantíssima. Não só urinar deixaria de ter qualquer sentido, como nunca mais teria o prazer de sentir o arrepio do mijo.
Mas foi então que pensei: “Espera lá! A culpa se calhar não foi minha! Eu fiz tudo o que tinha a fazer, mas então e o urinol?" Eu não tinha questionado o papel do urinol naquela mijoca. Tantos foram os urinóis que se portaram como verdadeiras sanitas, com os quais facilmente tive o dito arrepio. Enormes urinóis, urinóis de porcelana, de plástico, de metal, antigos … todos serviam, menos este tímido urinol recente de cor pálida, mas sempre com aquela expressão de surpresa característica deles. A casa de banho era nova, logo ele também. O pobre e inexperiente urinol não tinha conseguido levar-me ao altar das necessidades fisiológicas, e eu culpei-me sem pensar duas vezes. Também não culpei o urinol e desejei-lhe, então, que fosse feliz e que mais tarde ou mais cedo conseguisse satisfazer todo o indivíduo que lhe desse de beber. Fui-me embora a pensar na boa acção que tinha acabado de fazer ao desejar o melhor ao jovem urinol que, não obstante, continuou lá no canto, com a sua cara de surpresa…
Um abraço, Urinol